A PRESENÇA FEMININA NA LITERATURA CEARENSE

 


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A PRESENÇA FEMININA NA LITERATURA CEARENSE 

Ivan Melo

(Publicado no jornal O Povo, p. 2, em 27/05/2021) 

Em artigo, o professor Batista de Lima afirma: Fortaleza possui setenta ruas com nome de escritor cearense. Dessas, apenas seis trazem nome de mulher: Ana Batista, Ana Facó, Emília Freitas, Henriqueta Galeno, Francisca Clotilde e Nenzinha Galeno.

Mas se as mulheres são minoria como autoras, o contrário ocorre quando elas são personagens das histórias. Dito isso, o pesquisador provoca: "por que, numa terra de cabras machos, não existe o herói literário cearense, há somente heroínas?"

São muitos os exemplos femininos: Iracema, de José de Alencar; Maria do Carmo, em A Normalista", de Adolfo Caminha; Dona Guidinha do Poço, de Oliveira Paiva; Luzia-Homem, de Domingos Olímpio; Dôra Doralina e Maria Moura, de Rachel de Queiroz.

Mesmo nas famosas agremiações literárias, são raras, senão nenhuma, a participação feminina. A Padaria Espiritual, "associação de rapazes", trazia uma exceção: Anna Nogueira Batista. Em 1937, Alba Valdez tornava-se a primeira mulher a ingressar na Academia Cearense de Letras.

Mais adiante, Lúcia Martins seria a única mulher do grupo CLÃ. Várias outras marcaram nossa literatura. Emília Freitas, no século XIX, lançou A rainha do ignoto, obra feminista, pioneira da literatura fantástica.

No início do século XX, Francisca Clotilde tratou de um tema tabu ao escrever A divorciadaRachel de Queiroz foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras.

Em 2020, a escritora Vanessa Passos lançou A mulher mais amada do mundo, livro de contos protagonizados por personagens femininas. Também criou um grupo de leitores de obras escritas por mulheres vivas.

Hoje, nossas autoras conquistam reconhecimento, premiações nos mais altos níveis e protagonizam a atual literatura feita no Ceará. São exemplos a premiadíssima Tércia Montenegro; as vencedoras do prêmio Jabuti Ana Miranda, Jarid Arraes e Socorro Acioli, além de Ângela Gutiérrez, Vanessa Passos, Rosa Morena e tantas outras.

Portanto, olhos atentos - e simpáticos - para essas mulheres que, com talento e determinação, imprimem sua marca em nossas letras.



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