CAICEBO, BARROADA, CAMPINA, JABURU... CRAQUE SE CONHECE PELO NOME.

            Discute futebol quem torce, quem entende ou quem joga futebol. Eu apenas torço pelo meu Ferroviário, time cearense que o acompanho em sua árdua luta para ascender à série C do Brasileirão. Nunca pratiquei nem sou um aficionado por esse esporte que muitos consideram uma paixão nacional, por isso não discuto futebol. Vez por outra, porém, atrevo-me a comentá-lo sem a pretensão de pregar certezas, ou de convencer alguém. Até duvido que alguém, com o mínimo de sanidade mental, levará a sério minhas assertivas. 
            Não me atenho a estudos ou pesquisas sobre essa modalidade esportiva, sobre seus times ou atletas. Apenas atento-me aos nomes dos poucos que conheço. No mais, a intuição me serve de guia. Mas tenho critérios e embasamento que só a experiência de vida proporciona. 
             Quando menino, morei próximo a um campo de futebol, o velho Campo do Ouro Preto onde, aos domingos, assistia a peladas e clássicos de futebol de subúrbio. Equipes como Democrata e Juventus se enfrentavam e promoviam um espetáculo. Moviam paixões que explodiam em alegria, festa, socos, tapas e até brigas de faca. Nessas horas, a confusão acabava quando alguém sacava uma arma, disparava um tiro pro ar, ratificando o grande sambista Noel Rosa, quando disse que “o revólver chegou pra mostrar quem manda numa briga”,Voltava, então, a calmaria e a festa do time vencedor continuava. 
             Naquele campo de areia, brilharam Cancão, Campina, Chico Galinha, Calção, Sargento, Doutor, os irmãos Lourivaldo e Cachorro Valdo, Otacílio (ou Bunda Bolota), Garibaldo, Jaburu, Pacoti, Toim Barroada e outras feras da pelota. Eram estivadores, pedreiros, serventes, malandros ou operários da Esmaltec que, em dias de folga, mostravam sua habilidade com a redonda e se firmavam como atletas famosos na favela. Seus nomes – inusitados, para alguns – denunciavam o talento com a pelota. Alguns deles eram até bem pagos para vestir a camisa do time. Foi com esses exemplos que me habilitei a identificar um craque pelo nome. E ainda hoje o faço. 
             Logo que se iníciou esse atual Torneio Mundial de Clubes, atentei-me aos nomes das estrelas futebolísticas, uma constelação de endinheirados, dos quais nenhum me era familiar. Quando o comentarista pronunciou, em tom jocoso, o nome de um cidadão, bem ou mal entendi que ele se chamava “Caicebo”. De pronto, determinei: “Esse tem estrela. Mesmo que não faça um gol, esse aí vai aprontar”. 
             Não conheço o atleta, nunca o vi jogar, mas previ que ele iria deixar sua marca. E digo mais: quem lhe deu esse nome, se o fez com intenção de castigá-lo, decerto fracassou e lhe deu, na verdade, um presente de futuro. 
            Nesse torneio, sem predileção por nenhum dos times, gostaria, que uma das quatro equipes brasileiras trouxesse o título. Por isso comentei com meus próximos que, se pudesse, enviaria um recado aos nossos quatro treinadores: “Cuidado com o Caicebo, o cabra está aí pra fazer mangoça e possivelmente sairá campeão”. 
              Atrasei a postagem desse texto e meu recado não chegou a tempo aos jogadores do Fluminense. Fato é o craque equatoriano que estará domingo, com sua equipe, disputando a final da competição. Campeão ou não, Caicebo é um nome que ficará na lembrança dessa competição de times e jogadores milionários. 
                 No momento em que vou publicar essa crônica, meu filho mais novo me adverte que o nome do atleta é Caicedo, e não Caicebo, como tenho dito. Ainda assim, prefiro manter o já dito. Admito que isso talvez possa de fato prejudicar o futuro do jogador, mas essa história de mudança de nomes é coisa para numerologia e disso eu não entendo nada.

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